Voltei, sete? Oito? Cinco? Anos depois quantos, não sei, o tempo e sua forma de passar virou um questão sensível pra mim. Ontem começou um ano novo e a primeira semana dele já acabou hoje. É essa a forma de passagem agora. E por agora eu me refiro aos últimos 3 anos. Tudo voa. Tudo tem que ser feito na hora que surge a demanda. Se fica pra depois, não serve, cai no esquecimento, no limbo. Mensagens recebidas precisam de respostas em segundos, e-mails em poucas horas, DMs e chats, imediatamente. Sob risco daquilo evaporar rápido como o suor na sua testa durante um jogging no sertão nordestino. Tão rápido que você mal sente e nem percebe…
E eu que sempre andei ali na frente, curtindo e abrindo portas dessas novidades, morguei. Mas morguei por estar sentindo que algo mudou e tem me feito mal. Depois de uma pandemia viral que matou milhões, só se acentua uma pandemia digital que destroça aos poucos. As relações, as identidades, as particulares. Destroça as almas.
Sigo pensando: será que estar na frente não está me mostrando o meu futuro nisso tudo? Será que não é hora de parar. Voltar o olho pro micro, pro meu, para as árvores ao redor de casa, para o pássaro pousado na janela de casa, para Alice -gatinha do meu corarão- tremelicando seus bigodes pra ele? Será que ver e viver coisinhas assim sem pensar em pegar uma câmera e captar aquilo pro mundo ver, deixando aquele momento no micro, meu, comigo, não seria uma saída?
Seria?
A coisa é toda tão bem articulada e desenhada que o medo de se isolar dela e perder o contato com o mundo que você sabe que está e estará ali no mesmo lugar, apavora.
Apavora tão quanto a sensação de estar sozinho cercado de gente, de elogios, de saudades, de sorrisos, abraços e te amos recebidos por uma tela.
E enquanto tudo passa tão rápido, veloz e líquido a única solução no momento foi sentar e escrever. Encolhido num canto, olhando um Bob de oito anos que me fita fixamente como se dissesse: estou aqui. Você também está, e não está só.
Será Bitos?
Será?
Phones: Ever the Same - Rob Thomas