terça-feira, 24 de junho de 2008

A little pair of black flowers.

" Ê nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
Nunca mais eu vi
Os oím dela brilhar
Nunca mais eu vi
Os oím do meu amor
São dois jarrinho de flor
E todo mundo quer cheirar "

How I wish.

"Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse

Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tavés que nois dois ficasse
Tavés que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse"

De fato, comeu.

" O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas,
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte. "

João Cabral de Melo Neto,
por Cordel do Fogo Encantado, em Dos Três Mal Amados.

Revendo o visto.

Num tempo em que rompi preconceitos e libertei ideias, dei atenção à algo que não acreditava poder me agradar. Cordelizei. Em princípio euforicamente, de forma que não interpretava o que ouvia, apenas sentia as batidas e pulando me sentia bem, embaixo de uma chuva fina e fria. Um ciclo depois, me dei o direito de, fazendo diferente, ouvir paradinho, atento, ao que era dito, declamado. Nesse momento um misto de emoção revirou-se dentro de mim, lembranças saudades, alegria, tristeza, euforia, luz, escuridão. Pensei em todo o contexto, encaixando peças, senti que ali, tudo que era passado servia para mim. Sorrindo de leve, derrubei uma lágrima, expremida no canto do olho, e no Sertão de meu Deus vi como tudo é mais profundo do que pode parecer. No meio da multidão me senti sozinho, introspectivo, introspectando, entendendo, me identificando.
Enfim, em fases e trechos deixarei aqui a memória dos momentos que me tocaram, que finalmente, depois de ciclos e ciclos, me tocaram.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Isso, só depois de amanhã.

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

Álvaro de Campos

E salve Fernando Pessoa.

Day.

Acordei as sete, engasgado. Levantei e nao saia... Olhos inchados, edema palpebrar agudo. Minutos depois coloquei tudo pra fora, num alívio me senti bem melhor. Mesmo.
"Voce tem o coração fraco, pra que se meter onde não sabe onde vai dar?" Pra que? Pra aprender a saber, e tentar ser feliz. Done. Lunch time, e a hora tão aguardada. E tinha que ter uma bicicleta no meio do caminho? Um "senhor" que já meio sem posses de suas faculdades auditivas, fez - se de mercador para todo buzinaço que proferi. "crash", but no burning, not yet. At point, on time, falei, falei, falei. Ouvi, entendi, cheguei a conclusões. How could I act like that? Enfim, dentes. Yes dentes. Homerville... little town de meio oeste Americano? Não, dono de dentes em check mesmo. Funny ha? Time goes by, and let's shopping baby. Sapato, camisa, camiseta, perfume.
Por que será que comprei tanto? Buscando o que? Buscando quem? Nem preciso de terapia pra saber. Bom, Amex serve pra essas coisas.
E agora, envolvido nos pensamentos volto as questões da hora do almoço, não sei se fico triste, se abstraio, se tenho que me animar, se devo correr, se devo esperar, se devo ficar no meu lugar. Porque tem que ser assim? Difícil, longo, longe? Por que eu não soube e ainda não sei ter meu espaço? Fico puto quando vejo o reultado de certas coisas e não posso agir, by now, para mudar tudo. Enfim, por hoje cansei. Cansei de minha angústia, cansei de sentir falta, cansei de tentar ligar, cansei de ter que esperar. Vivi um dia como vários outros, mais um dos 9.130 já vividos. Terminei, sem culpa, com um Häagen-Dazs.
Salve o capitalismo, a desgraça e a delícia do nosso mundo.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Just for you.



"Sempre vou levar nós comigo. Pra quem sabe um dia, achar a gente denovo e amar tudo denovo, sentir tudo denovo; ser a gente, denovo."