quarta-feira, 26 de novembro de 2008


E na linha Vermelha eu ouvi:

" Não segure AS PORTA. 70% dos atrasos do metrô ocorrem porque as pessoas seguram AS PORTA"

Em NY também se pede o mesmo.
Mas será que AS PORTA tão por lá também?

Saudade de Sampa :)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

breathe, just breathe

Debaixo d'água tudo era mais bonito
Mais azul, mais colorido

Só faltava respirar

Mas tinha que respirar


Debaixo d'água se formando como um feto

Sereno, confortável, amado, completo

Sem chão, sem teto, sem contato com o ar

Mas tinha que respirar

Todo dia

Todo dia, todo dia

Todo dia

Todo dia, todo dia


Debaixo d'água por encanto sem sorriso e sem pranto

Sem lamento e sem saber o quanto

Esse momento poderia durar

Mas tinha que respirar


Debaixo d'água ficaria para sempre, ficaria contente

Longe de toda gente, para sempre no fundo do mar

Mas tinha que respirar

Todo dia

Todo dia, todo dia

todo dia

Todo dia, todo dia


Debaixo d'água, protegido, salvo, fora de perigo

Aliviado, sem perdão e sem pecado

Sem fome, sem frio, sem medo, sem vontade de voltar

Mas tinha que respirar


Debaixo d'água tudo era mais bonito

Mais azul, mais colorido

Só faltava respirar

Mas tinha que respirar

Todo dia


Agora que agora é nunca

Agora posso recuar

Agora sinto minha tumba

Agora o peito a retumbar

Agora a última resposta

Agora quartos de hospitais

Agora abrem uma porta

Agora não se chora mais

Agora a chuva evapora

Agora ainda não choveu

Agora tenho mais memória

Agora tenho o que foi meu

Agora passa a paisagem

Agora não me despedi

Agora compro uma passagem

Agora ainda estou aqui

Agora sinto muita sede

Agora já é madrugada

Agora diante da parede

Agora falta uma palavra

Agora o vento no cabelo

Agora toda minha roupa

Agora volta pro novelo

Agora a língua em minha boca

Agora meu avô já vive

Agora meu filho nasceu

Agora o filho que não tive

Agora a criança sou eu

Agora sinto um gosto doce

Agora vejo a cor azul

Agora a mão de quem me trouxe

Agora é só meu corpo nu

Agora eu nasco lá de fora

Agora minha mãe é o ar

Agora eu vivo na barriga

Agora eu brigo pra voltar

Agora

Agora

Ag
ora


Tive que sair debaixo d'água para assim poder respirar.


Maria Bethânia - Debaixo D'água.

Reeditando o passado. Há pouco.

Estava eu, sentado vendo Tv.
Como me diziam naqueles dias :

"Nossa, você gosta de ver Multishow né? Por mais que as coisas se repitam, você gosta. Você é engraçado. "

E no mesmo momento começava o clipe que ponho abaixo. Ben's Brother, Stuttering.

Parei de ouvir qualquer coisa ao meu redor.
Quem falava ao meu lado, vidrou os olhos na Tv.
Abriu um sorriso,
Fez aquele barulho inconfundível de sua risada,
E gravou uma nota no celular:

"Ben's Brother.. o que mesmo?"

Aí foquei no clipe.

Uma idéia antiga, com anônimos cantando para a banda.

Mas uma coisa me chamou a atenção: a interpretação de todos eles.

Como me disseram a pouco:

" Dá medo, povo estranho!"

Mas não deixa de ser interessante, ver olhos tristes, ombros caídos e expressões de lamentação falando de sofrimento. E tudo isso interpretado por anônimos, o que é melhor.

Aí vai o clipe. Ah, antes tem um detalhe: o YouTube disponibiliza em outros links, os videos que os fãs mandaram pra banda pra que eles selecionassem os melhores trechos.


domingo, 16 de novembro de 2008

Ai, ai, Hipócrates...

Eu sei que há um ano e dois meses eu jurei, de camisa preta de manga longa apertando o punho, que teria a saúde de meu paciente como a maior preocupação. Certo. Mas daí surge o plantão. E não existe nada pior que o plantão de sobreaviso. Voce não sai, porque se sair um trânsito monstro pode lhe impedir de conseguir voltar a clínica, que fica almost, do lado de sua casa. Voce não vai malhar porque no meio de uma corrida na esteira, o telefone pode tocar e voce vai ter que tomar um banho correndo e sair sem saber direito porque seu corpo ainda transpira como se voce corresse a 15 km/h; voce não vai no cinema porque no meio da sessão, naquela hora, a melhor de todas, no beijo do mocinho ( Lisbela's modes on ) uma vibração pode acontecer no seu bolso, e voce sair da sala em meio a olhares de tipo :

"Ow, esse idiota não gostou do filme não foi?"

Voce não vai num restaurante porque entre o couvert e o prato principal, ou pior entre esse e a "overtable" alguém te liga : Doutor, mais uma. E finalmente quando voce se rende e dorme, dando sua noite como perdida, um número estranho insiste em perturbar, ligando a cobrar.

" Doutor, é fulano da portaria do Centro Médico... É que tem uma urgença aqui."

Então, depois de um minuto sentado na cama, destilando aquilo tudo, olha pro seu amigo Pimpo, companheiro de anos, e levanta. Tira seu pijama de ursinhos, que insistentemente lhe olham e perguntam: Do you think I'm sexy? E aproveita que penteado out of bed é cool pra dar um pouco de graça na coisa.. sai e chega sorridente e perguntando:

" O que foi que houve? Tá com dor de dente? "

Sim, sorridente. Porque não há coisa pior que ser atendido por um profissional de saúde no seu plantão, quando esse está de cara feia, amassada, e mal humorado. Confesso que das vezes que precisei ir num hospital numa situaçao dessas, sempre tive medo. Medo da figura descontar todo o ódio por estar ali na minha pobre carcaça. Enfim, depois da pergunta lançada a queima roupa, no elevador mesmo, voce ouve :

"Não doutor, não dói não. Mas quebrou e tá me incomodando."

Certo. "Incomodando". Isso é suficiente para tirar um ser humano do seu sono, em pleno domingo as três da manhã? E onde estaria a sensação de ter o poder de remover a dor, e ver um rosto contorcido se abrir? Isso pagaria todo o incoviente e acenderia a chama da idéia do juramento, (aquele com a camisa de manga longa) dentro de mim. Mas sem isso... Meus olhos já mudaram.

Poxa, mas num adendo, anti- ética a parte, voce passa a noite, com seu marido, namorado, rolo, que seja, num bar tomando cerveja num copo americano " Nadir Figueiredo" comendo óleo com bolinhos de bacalhau, quebra o dente no meio de um forrozeio qualquer, e me tira da cama pra "emendar"? Dava pra esperar o sol nascer não?

Well, como dizia, meus olhos mudaram, e aí eu me torno mau.. Um metro e meio, blusa de veludo preta ( Oi? Recife, 35 graus?), alças de soutien de fora, uma calça tão apertada que as inflamações celulares gritavam: me solta, me solta! Maquiagem borrada, cabelos levemente esvoaçantes. Não desculpa, bondade minha, cabelos altamente esvoaçados. Homem acompanhando e cheirando mal, literalmente. E assim eu pensei : Meu Deus, por que?! :)
Mas tá bem, minha mãe e meu pai me educaram bem, e eu agi bem:

"Certo, quebrou? Vamos ver isso."

E ela senta na cadeira, depois que um dentista que em noites de plantão faz jornada dupla sendo ACD ( Auxiliar de Cirurgião Dentista) também, ligou um compressor, dois slipts e um equipo odontológico e se montou com seu kit EPI, lhe pedir:

"Vamos lá, pode sentar"

"Aqui? "

Como assim "aqui"??? Pensei. Lógico né? Será que ela nunca, na sua existência viu um dentista trabalhar? Nem na TV?

E ela se contorcia de dor. Dor?? DOR??

Cena. E das mais grotescas, mas um:

" Moça, por favor, assim eu não consigo trabalhar! "

Resolveu tudo em segundos.

E então?

Como disse minha querida irmã: Foi eu, você e uma bola de resina!

E urgência não faz coisa provisória? É. E provisório de dentista não é aquela coisa branca que tem cheiro de dentista? É, mas a prova maior de que eu quero entrar no céu é que restaurei o dente de verdade, com resina composta de verdade, numa consulta de urgência.

Por fim, ela me pediu um espelho, olhou o dente, sorriu e passando a mão na região abdominal ondulada de sua blusa de veludo "negro" disse :

"Valeu, doutor! O senhor salvou minha vida!"

Salvei a vida? Por ter restaurado um pedaço de dente fraturado? E ela saiu...
E eu tirando o material da mesinha e pensando ( mundo de Bobby turned on) porque salvei a vida? Será que ela usa o sorriso pra alguma coisa...
Ah, nem comento o que passou na minha cabeça. ;)

Voltei pra casa. Som nas alturas, Magamalabares turned on num sedan preto cruzando a Madalena velozmente.

"Pronto, cheguei em casa, e tô mais puto ainda"

"Calma, relaxa, fica assim não"

Três e meia da manhã, e eu fui dormir. E as seis da manhã again : "Doutor, urgença."

Aí sim, out of bed hair, out of bed face. Edema facial era nada perto daquilo ali...

Voilá! e novamente a frase pronta:

" O que foi que houve? Tá com dor de dente? "

E novamente a queima roupa, no elevador, porque ai meu raciocínio lento, de quem tá com sono, já vai arquitetando uma solução eficiente e rápida pra tudo aquilo.

Mas dessa vez, um pobre senhor, com uma real urgência, esperou o sol nascer pra vir e procurar ajuda, muito mais digno né? :)

Voltei, e dormi. Muito.

E aqui estou eu, um dentista com um ano de formado encarando um plantão de 48 horas, e esperando, sem poder sair pra nao pegar trânsito, sem poder malhar pra não ficar suando depois do banho corrido, sem poder ir no cinema e perder o melhor da coisa, sem poder comer fora pra nao ter que pagar a conta e deixar de gorjeta a sobremesa que pedi e não pude comer, e acima de tudo tendo medo do toque do próprio celular... sim, "tema do limão" no celular, nunca mais.

Mas mesmo assim, feliz. Feliz por ter quem me apoie. Por ter quem diga:

"É assim, mesmo, relaxa homem. Mas, oh "enfia a faca" neles lá"
(adoro)

Por ter quem me dê um sorriso e diga:

"Vai lá, início de carreira é assim mesmo, as três da manhã. "


Mas que a baixinha do veludo me paga...
Ahhh, me paga.
:)

" Our name is our virtue "




" So I won't hesitate no more, no more
It cannot wait I'm sure
There's no need to complicate
Our time is short
This is our fate, I'm yours "




Jazon Mraz - I'm your's.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Fluxo relativo de palavras duvidosas.

Impressionante como eu estava cheio de ideias e fervilhando de vontade de postar algo aqui. Afinal depois de tantas emoções e coisas novas vividas, qualquer cabeça que gire teria vontade de expor algo. Mas talvez por minha rotação cerebral ser tão alta e meu Bobby's world girar tão loucamente eu tenha perdido o ponto e não esteja sabendo exatamente o que escrever. Bom, como dizia minha professora de redação do segundo ano, Glorinha, que Deus a tenha: Simples Paulito, (sim, Paulito era o apelido que ela teimou em me dar...) se voce relaxar e esquecer que tem que escrever as coisas vem, simplesmente vem. E foi assim que tirei 9,5 na redação do meu vestibular... Não pensando que tinha que escrever, e deixando as coisas fluirem. Let's try it.